quinta-feira, 12 de novembro de 2009

flash

nada ainda.

a ver navios.

o mar está tão longe.

o dia de amanhã está tão perto.

meu radar nada capta.

mente.capto.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

assombro

sombria
sombra
assombrava

a menina que
de sombrinha
passava



(tirado de diálogo provocado por lidiane
em noite de muito fôlego)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

pausa

às vezes não entendo
o silêncio

não escuto

ele continua
querendo dizer coisas

terça-feira, 7 de julho de 2009

do alto das montanhas

a noite escorre entre meus dedos

intrépida e veloz

sob o comando dos cascos de mais de mil cavalos


a princesa dorme na torre e sonha de novo sob a sanha das eras


nenhum poeta vai decifrar essa insanidade

que beira a loucura mística transcendental


sou a quimera dos seus sonhos mais malditos

descabelados tangidos para outras paragens entre o absurdo e a pantomina


tragicômico se não fosse verdade

nessa noite de mentira de eternos retornos


transtornos multipolares

o silêncio transcende a madrugada

corta o tempo espaço entre espasmos de silvos fantasmagóricos


o palhaço está solto na contralinha do não trem.

Vem que tem, seu maldito!


espalha essa baba cósmica que envenena a pele dos meninos

espalha essa bolha de uma percepção que roça o limiar da loucura


deixa o louco girar deixa o louco girar deixa o louco

sonhar cantar tocar brincar pirar


papai, mamãe, seu filho pirô de vez

pierrot das matinas

o sol nasceu, corre, vem ver

lindo iniciar

todo dia de novo começa

do terror à luz num salto entre os limites da razão

entre nietczhe e a espada

dragão de são jorge! Ave! me tira daqui


assim caminha e pira a humanimaldade

salvem=me sodré e.cummings


o poeta que queria ser jack kerouac na província

dicke no sertão walt whitman passeando pelas relvas

as folhas soltas do destino.

salve salve thomas de quincey salve clarice e seu hobby de loucura

fina flor do cocho rasqueado no cerrado

dance dance dance ian curtis joy division

chorei todas as lágrimas salve arrigo barnabé

a clara croccodilo

minhas lágrimas são de jacaré pantaneiro.


salve alvarez de azevedo um brinde à gregório de matos na taberna do macário.


baudelaire buckowisky

arthur

o rimbaud das áfricas soturnas modulando tráficos estelares


salve a galera do software livre

e a cultura digital

e você ri até morrer


salve a quebradeira

dos macacos bongs

caximir viralata das vias urbanas de cuiabá


sexta-feira, 3 de julho de 2009

poemeto de bordo

oi.
cheguei e não cheguei
sumi de mim de tudo
destrui três palcos em rio grande
santa maria poa
quanta loucura há no excesso
pinga conhaque mijo & poesia
vômito na mesa de jantar
os menino tudo ria
assim fomos de van poesia
sol na garganta do futuro &
viralata saindo pela culatra
assim fomos um dia dois três poesia & sons
ave santa maria de deus
e do diabo também que merece ter mãe
todo mundo merece ter mãe
até o filho da mãe
até o filho da puta do viralata

beijos para juca culatra e para o sol na garganta do futuro

quarta-feira, 10 de junho de 2009

espanto,oh!

oh! imensa, vasta planície
um mar
já morou aqui

meu desassossego
minhas tardes de infinitas visões
pairam ainda
sob peso de eras passadas

oh! céu imenso
desemboca nos horizontes recortados
da Serra dos Martírios

oh! vasto ouro
reluz
em lendárias imaginações
onde desenhamos
paisagens de sonhos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

deitando e rolando

bebo um gole desse veneno
nessa manhã

estribucho
babo
roncando que nem pedra de wally salomão

aí percebo que sonho com as folhas da relva
de whitman

rolo na grama
é proibido pisar
no chacal

estou na vala dos comuns
sem saída
tonto

acordado sem conseguir manter
abertos os olhos

transe - trans-lúcido - um tranco
o motor ameaça pegar

desço a mil por hora na contramão
alucino

mas não saio de cima
non sense não senso não sendo nada

mal digiro
essas linhas

terça-feira, 2 de junho de 2009

estalos de lili


Lálém o zip estalo de uma luz estoura na cabeça a lucidez decorre disto acordando subitamente tão só como nunca o sol.

--


Oco

floresce e cresce em flor

o Vazio ainda em pré disposição, tão

solícita e Carne...

Mesmo de perto, assim entranhado e

vivo

é possível sentir o quê, além de:

um Oco,

como o oco pão

o pão oco

o coco oco

oco do toco?


(lili borges-cuiabá-colérica)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

passageiro

apesar do cansaço

queria te dizer tantas coisas
a boca encerra certo desencanto

mas sei que isso passa
tão logo quanto o vento

passa passa passa

sexta-feira, 22 de maio de 2009

sexta no freezer

dica do dia:

ponha o fígado no freezer
junto com as cervejas

beba-as quando geladas
reponha-o só na segunda-feira

durante o final-de-semana
coma pela beira

(amauri lobo)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

segunda fora da lei

aqui estamos na segunda
acordados sonolentos
como metade do planeta

na segunda o fígado amarela
não quer nada com nada
metade do álcool derramado

mas, hoje não,
está diferente
o fígado indiferente

quem está puto mesmo
é o mau humor
esse maldito ausente

domingo, 17 de maio de 2009

pingos

aqui estamos no domingo
dormindo com o resto do planeta

aos domingos
a vida cai aos pingos

l-e-n-t-a-m-e-n-t-e

(amauri lobo

sábado, 16 de maio de 2009

(sobre o ensaio dos osviralata)

a lua estava escondida
por trás da manta de nuvens brancas
que refletiam as luzes
de uma cuiabá estanhamente fresca

foi a deixa para baco nos visitar,
com vinho, cerveja, comida e ervas finas

levamos música e poesia

foi a dica para visitarmos dionísio
e convidá-lo para a festa
e ele aceitou...

(amauri Lobo)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

o que mais gostaria
seria a gravidade zero da lua

no lado escuro dela
escondido de nossa civilização bizarra
dar cambalhotas livres e leves

i-m-p-e-c-á-v-e-i-s

i-n-d-e-l-é-v-e-i-s

(amauri lobo)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

לילית

volto meu olhar
para a lua minguante

que não significa
bem ou mal

a face de lilith
a lua negra

o buraco onde posso pular
sem medo de esborrachar

pois não há fundo
mas sim, outro mundo

(amauri lobo)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

(encerrando a sessão solar)

sol é uma boa chave para rock
lembro-me de led zepelin
"the sound remains the same"...

solto a chave e pego a música
lembro-me de led zepelin
"the mountains goes to the sea, baby"...

sou todo música, mas lá fora é tudo sol
lembro-me de led zepelin
"the snow falls hard and don't you know"...

como pode um zepelin de chumbo
pairar sobre minha cabeça
sem derreter
sob o sol de cuiabá?

aperto o pause e respiro fundo:
amanhã o sol não vai nascer

terça-feira, 12 de maio de 2009

sem dúvidas
o sol levanta
antes de mim

abro os olhos
e vejo a luz

sem dúvidas
levanto-me
rumo ao sol

assim sou sol

(amauri lobo)

sessão solar

o sol ilude
e gira
girassol
o sol nasceu, parem todos!

(amauri lobo)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

sol quadrado

o sol nasceu quadrado
enquadrado na janela do banheiro
suando labaredas laranjas

calor de outono no xilindró diário
calor urbano no diário de cuiabá

manchete do dia:
o sol foi preso e vai ver
o sol nascer quadrado

(amauri lobo)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

silêncio colérico

um céu colérico explodiu
de cadentes estrelas.
a poesia não sustenta a carne.
ostenta impurezas irreversíveis.
um gosto de abstrato na boca.
veneno contra toda concretude.
a carne saliva nos platôs platônicos
da alma indigesta.
gestos ousados na contra paisagem.
abstratos são venenos poderosos
nessa tarde de lua cheia
vermelha de olhos sombrios
beleza e rugosidade
crateras do tempo tempestade.
a ira cravada na carne dos deuses
de plantão.
um carniceiro exalando impurezas
no ar quente e abafado
da tarde que se arrasta entre as folhas secas
do outono,
também povoada de húmus nos escondidos
das sombras
que me abraçam
mortalha
na noite que avança,

segunda-feira, 27 de abril de 2009

um dia em cuiabá

nossos corações se derreteram
um dia
ao sol de mais de quarenta graus
de cuiabá

nossos olhos cegaram
num dia de sol
em cuiabá

nossos pés se desfizeram
como chiclete
no asfalto de um dia quente
em cuiabá

nossas mãos não conseguiram agarrar
a beira do precipício
num dia louco
em cuiabá

em cuiabá
em cuiabá

sexta-feira, 24 de abril de 2009

provações

provou

do
doce e do
amargo
fel e do
mel
inferno e
céu

quinta-feira, 16 de abril de 2009

beijo de presente

será como doce
na boca de criança

rs e beijos
beijos e rs

pouco siso
muito riso (o.a.)

me divirto na tarde
que segue

boca de baco
faminto

pelos beijos
da menina

ensolarada


(da série: poe.mails/eduardo ferreira)

terça-feira, 14 de abril de 2009

vai, mas volta

o sol
fugiu

questão
de hora

sai
de novo

não
demora

quarta-feira, 1 de abril de 2009

noite alta

recuso
nego
rebelo
renego
refugo
fujo
reenfer
rujo
ressurjo
urge
ress
urge
ponto de
fuga
iludo-
me
ilumine-
se
reluz
lúcido
refaço
trajeto
remeto
retiro
-arre!
tomo mais
um
porre
baita
-arre!

quinta-feira, 19 de março de 2009

a morte, de novo.

lá vem a morte, de novo.
quando chega é sem nem pedir licença.
tema de filósofos e suicidas em geral. única conclusão possível, nas palavras de fernando pessoa. as palavras, não. essas duram nas palavras de lao tsé: a língua é mole e dura mais que os dentes.

assustamos quando a indesejada chega perto. leva pessoas tão próximas
uma sombra
fica, pairando.

sobre nossas cabeças.
sobre nossas pobres cabeças.

domingo, 8 de março de 2009

Namoro

Vou passando a mão
numa
noutra
e o fim da carícia
é a escolha
(nada fácil).
Gosto ao mesmo tempo
do desleixo e do alinho
das palavras.
Gosto das que ficam
e desejam um enlace ardente
profano, profícuo
e se entendem
no gozo da leitura.
Também gosto das que escapam
e deixam aquela impressão
de incaptura e
perda total.


marta cocco
poeta
cuiabá mt

sábado, 7 de março de 2009

pré coice

ele atravessa a noite como um cavalo doido
expresso selvagem.

vertiginando
vertendo
revirando.

a cidade dorme
aparenta calma
nunca se sabe!

acaso é regra
não se calcula.

às vezes
ejacula antes.

professando: tiros na manhã certeira

a maior probabilidade é que você não lesse isso aqui, nesse presente momento. sim, você está me dando um presente lendo isso aqui agora. me apresento livre e louco e depois vou-me embora, depois torno a voltar. liga tripa (se liga de brasília).

tortas vias a 80 por hora. loucos anos. a década mais louca dos últimos anos.
não é caretice não (pelo menos penso que não)
mas acho que piora
alguma coisa
melhora noutra
mas é isso
balizas
balem
baleias
balnidas
domar.

sem doma.
sem dogma.

regras cagadas nas cabeças
de urubu.

poesia é igual cinema. corte.
ubu.

erroteiros certeiros
tiro na maçã
guilherme tell

call
me chame
para

(o espetáculo vai começar! folias)

sob o despertar
dos tambores
de todas as tribos.

desimportâncias

acho que não preciso me apresentar. acho imprecisa toda forma de apresentação. afinal, o que importa um nome, um curriculo, até mesmo desfeitas. tanto faz a origem, os meios de sobrevivência, crimes e castigos, redenções. ao final provavelmente não chegaremos a nenhuma conclusão. o poeta, em pessoa, escreveu que, a única conclusão é morrer. interessante, não? no final tudo morre. o escritor, o leitor, o pai, o filho e até o espírito santo. santos morrem? espíritos , idem?

sexta-feira, 6 de março de 2009

noturnas um: desvios vários

um

quando flui rio
a palavra
deságua
em queda
sentidos maxi
mini

mimos de
aprendiz

corrente de har
mônicos

saltos

nas mais
que tortas
ruas
vias
desvias


dois

a palavra
caos

desarticula
sentidos

voa
nasasas
da
própria
vontade de
ser
o que se
é a(duras)penas

sem se importar
com o que
não
se
é

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Fragmentos dos sentidos.

Fechou os olhos. Havia preparado uma dose de uísque para a hora derradeira. A mente começava a aceitar a morte do corpo. Olhou à pele ressequida. Os poros não eram os mesmos de 20 anos atrás. Células falecendo a cada instante. Sabia.

Abriu os olhos. Leu no documento de identidade, Victoria Aguri. Bebeu o uísque num trago só. Refletiu sobre o sabor do destilado barato. Viveu assim. Aproveitou sempre o melhor do pior. A morte é algo assustadora se vista de perto. Sabia.

Coçou a cabeça. Sorriu para si no espelho trincado. Recordou-se dos melhores beijos. Morreria sozinha. Mas bem acompanhada de lembranças nada fortuitas. Esfregou os lábios. Não abandonou a vida, a vida a forçava a deixar o palco. As tristezas são implacáveis. Sabia.

Espalmou a testa. O fim da jornada era vencer a simplicidade das escolhas. Morreria como heroína. Não ter ingerido veneno foi a grande batalha superada. Resistiu. A firmeza era importante para ludibriara a doença. Forte e sozinha. As pernas foram em outrora sedutoras. Sabia.

Aguçou os ouvidos. Não há vozes. O abandono completo. A tuberculose na vida de Victoria Aguri. Ouvia como o silêncio era ruidoso, expõe a verdade sem rodeios. Abraçou a morte. Sempre esperou o melhor do pior. Não havia morrido ainda. Sabia.

Obstruiu a audição. Resistir era contribuir para a morte da agonia. A morte tem uma voz doce. Ou seria tenebrosa? A ausência do corpo era o que a incomodava. Os pulmões em funcionamento debilitado. Sorrir era o remédio. Um escárnio. Sabia.

Os odores irresistíveis. O prazer dos corpos sobre a ex-escultural Victoia. As células mortas eram essências da fadiga do corpo. Amantes de espécies duvidosas. Patifes, sacripantas, escroques. Sempre teve o melhor do pior. Uma casa caindo aos pedaços. Sabia.

As narinas sangraram. Uma velha carcomida ouvindo o estertor da morte. A fragância de Gabriela, sua filha. Partiu. A mãe alcoólatra, fracassada. Victoria, essa era ela. Abandono e a morte solitária. O peixe fedia na geladeira. O quarto a podridão pura. Sabia.

Mordeu a língua. O sangue tem um gosto amargo. Fim próximo da finalidade. A meta era a morte. A respiração não a obedecia. O sabor do triunfo. Era chegada a hora. Se tivesse um punhal... Sabia.

O paladar exigia. Voracidade. Abraçou a morte com determinação. Viu a luz. Esperou o louvor. Afinal, foi guerreira. Quem a censuraria? Ótima amante, grande amiga, mãe preciosa. Sempre agradou o melhor do pior. Não orou. Não precisava de preces. Sabia.

Wuldson Marcelo, cuiabano nascido em 1979, graduou-se em Filosofia pela UFMT. Publicou alguns artigos e contos em jornais de Cuiabá, assim como em jornais e sites desta nação verde-amarela.

vai uma dança aí ? ou, o eterno retorno

paisagem devastada,
só cinzas.

restos de mim, de você,
rastros irremediáveis.

sem remédio,
rastros e restos misturados.

autêntico samba
de piolho doido.

dança na pista careca
do planeta cabeça.

sonhos de doidão,
acreditar na viagem astral.

ah, infernal,
fogo, deserto, velocidade.

marcha ré
no pé do centroavante.

gol contra.
a torcida, só cinzas.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

se assim for, pode ser

a manhã invade tudo
desnuda interiores
agride olhos
como faca
cega

a manhã carregada
de rastros
insinua novos matizes
astros de ocasião
frutificam

a vida se reinventa
num átimo
entre uma passagem
e outra
abre a picada

rompe porteiras
vislumbra imensidões
o infinito é vasto
sólido
abrangente
e insinuante

a lucidez rompe
comportas
transpõe limites
beira o impoderável
abre boca
abissal

a dança dá o tom
passos passagens
o vasto campo
aberto
paisagens
em cores
difusas

fonte de luz
primordial
renasce
o dia
recompõe
perspectivas

assim é
se assim for

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

palavrios

um dia, cachoeira.
noutro, represa.
a palavra é vã.
quando mel,
se lambuza.
noutras,
recusa.

quando pólen,
travessia.
nas asas,
ventania.
voa
volta
revoada.

fumo e vento.
desfeita,
se refaz,
entre silêncios
um vão e
outro, entre
sim e
não.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

manhã sob a grande árvore

ó grande mãe
grande abrigo

ande comigo

sob ossol
ou sob

(a)árvore mãe
que dá (de)
(a)graça

(d)o elemento

alimento
o ar estrelas até

para divagar

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

no link

tanto por fazer. tanto somos a soma da incompletude. riscos que se desfazem. círculos que nunca se completam. quadrados. triângulos isósceles equiláteros.

fagulha. no paieiro.

fogo de palha dizem que não avança.
mas, e fogo no palheiro? joana d'arc que o diga.

é fogo na garganta. no rabo da anta. e veja o que acontece. a aventura estará garantida. pelo menos durante os próximos passos.
pantaneiro dizque: o que não falta no mundo é, pau seco e gente besta!

completaria: ...e gente metida a besta.
quanta besteira. papo típico de blogueiro que não tem o que fazer.
é assim mesmo.

a blogsfera tá cheia de besteiras. cheia de fakes. cheia de fezes.
é isso que acho meu caro.
claro. no meio da merda, pérolas.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

só se isso for

ow, chega mais! o mar não é aqui.
mas não se contenha nisso.
o mar é pra navegar. sei disso.
calma. que a maré vaivem.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

desregrado

adoro obviedades. vezenquando uma me socorre. me distraio e pronto, tasco uma: cada um é un
ico.
claro, dirão os mais apressados.
devagar com o andor de barro.
borro burro embirro e, mula, não mais saio do lugar.
quando emito uma afirmativa dessa, persegue-me a cobrança, interna, visceral, de me explicar. seria uma autocobrança, então?
quando é hifen, quando não é? entre ditongos e tritongos infernais, perco-me na travessia, de um lugar ao outro.
mudam as regras, tateamos. lusco fusco. claro escuro.
se somos unicos, abaixo a ditadura dos regrados. uma lei para cada unico.
meu nome é unico.
abaixo assinado.
assassinado pela torpeza dos hegemônicos.

reitores reizinhos reizeiros rezadeiras.
carpideiras.
sinto o cheiro de flores no ar.
de velorios.
com acento, ou sem acento?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

caosverbals

raiva. ira.
pira.
queima a mente
voa sob fogo cerrado.

as mãos amassando os ovos.
saco.
asco
vazando entre dedos.

sistemas presos.
em si mesmo.
tematizo a liberdade.
tenazes.

o reino dos céus.
prometeu.
tem que cumprir.
o rabo entre as pernas.

entre. saia.
mas deixe a porta aberta.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

coração partido

estamos por um mísero "n". será que nossos corações partirão?
estou quebrado. cacos descolados dentro da minha cabeça gravitam em torno de vazios terríveis.
sua imagem ainda está aqui, descendo a rua, com sua cabeça de avestruz enterrada nas nuvens. sinto os vapores de suas lágrimas calcinando o chão áspero da calçada que desce ao longe.
sinto um arrepio ao pensar que talvez nunca mais possamos nos ver. um arrepio de morte.
tenho medo. quero chorar.
menino, homem não chora!
cacete, estou engasgado cindido fudido nessa solitária sem grades.
preso em minha garganta que cresce desmedidamente.
o pássaro encantado silenciou.
a brisa quente das duas da tarde atiça meu mau humor.
amor é coisa esquisita. dificil falar de amor. parece piegas.
poetas contemporaneos falam de outras coisas.

seu cachorro segue o mesmo percurso.
a calçada desce.
as lágrimas rolam rolam.
no fim da rua tem um rio.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

sobressalto

o vento geme
sob o manto de solitaria noite.

gases resmungam.

explosões de concreto,
fumaça, oleo diesel.

ruas tortas

seus passos ecoam
do Porto da Saudade.

estrela

corisco
vigoroso risco no céu
cadente

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

série bilhete premiado: não senso

olá,
este, talvez seja o último bilhete que lhe escrevo com a velha ortografia, ok?
ainda estou em fase de adaptação e muitas dúvidas.
muitas dúvidas ao meter a mão no teclado, mesmo na caneta. o fluxo vem, vem, engato uma quinta marcha, mas sempre sou multado por excessos: excesso de velocidade, excesso de liberdade, excesso de vadiagem, excesso de libertinagem, excesso de reclusão, excesso de álcool, excesso de cigarros, excesso químico, excesso de sono, excesso de preguiça...
você sabe. os vigilantes estão sempre a postos. observadores e estrategistas deixam a gente ressentindo de tanta culpa no cartório. é que são muitas multas protestadas. mas, você sabe também que não dou a mínima para isso. bulhufas.
minha convicção é crônica e indigesta. você pensa que é fácil? experimente tomar do remédio amargo que é escrever um bilhete, um poema, um conto, uma novela, um romance, um roteiro, uma dramaturgia, uma liturgia, um coice no saco humano, um saco para encher de tédio, sem remédio, vou cortando por aqui, que já é tarde.
a ortografia fica do jeito que meus dedos ainda enrolam acostumados com o carinho confortável dos caminhos já conhecidos, vícios, automatismos, neuras, paixões rebuscadas, histórias sem pé nem cabeça, muito menos sentido, aí me pergunto: e quem é que tá ligando pra isso? o show hoje é faixa de gaza? aí o cara chega na farmácia e pede uma faixa de gaza pra curar suas feridas provocadas pela guerra, a guerra no campinho lá na várzea onde foi disputada a final do amadorzão, um jogo inesquecível. um campinho apertado, uma pequena faixa, a bola amarela correu feito bomba na minha frente, chutei forte ela explodiu na rede. a massa gritando gol. foi nessa hora que senti a fisgada na perna, uma dor lancinante, profunda, perfurando minha carne. a alma leve voa mas a guerra destrói corpos e alminhas principalmente.
por que será que estou dizendo tudo isso para você? coisas sem sentido. coisas sem nexo.
é que estou com excesso disso também. acho que é isso.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

bem-te-vi

compromisso: juro que esse ano será diferente.
não pagarei mais juros para o sistema financeiro internacional.
serei mais local que nunca.
não existe fora. só daqui.
juro que não me iludirei quanto a mudar o mundo mas cuidarei bem do meu lo(u)cal.
junto aos meus companheiros correrei novas (er)rotas psíquicas fisicas e químicas.
novos e velhos nômades na mesma estrada.

calma, rapaz, não adianta correr.
o poeta toninho poeta já disse: tatu que tem pressa entra em buraco errado!

sem juras de amor.
sem juras nenhumas.

esconjuro!

prometo que não irei a nenhuma igreja.
desabai desabai
tantos quantos forem os reinos
cairão
kublai e todo império vão
vil
o grande kan

bem-te-vi

me ensina todo dia
no quintal de casa.