terça-feira, 20 de setembro de 2011

vade torto

apesar dos medos avançamos
você eu as pessoas todas
tolas ou não
espertas
inteligentes ou
quem sabe
intolerantes

assim caminha a humanimaldade

sábado, 10 de setembro de 2011

infâmia

hoje acordei com vontade de ficar no sonho
saltei da cama e não achei o chão
descobri o sentido disso:
o buraco é mais embaixo

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

gata mansa

vê se da próxima
você me chama
que te acalmo

chafurdar na lama
é coisa de porco e criança
entre nessa

se lança
perca os pés
mas não

perca
a dança

sábado, 6 de agosto de 2011

vende-se a alma

para para paranga parangolé
para com isso minino
cruzcredo
enredos enredados nas tramas da rede diária
dos afazeres ou dos nadas fazeres

nos dizeres do letreiro
português se estrumbica
na ponta da língua

pedreiro padeiro podreiro
vende-se churrasquinho
miau miau

torssida do coringão
paga menos

cura-se torssicolo
toci
e barrigada di minina virjem

virje maria
cruiscredo minino!

terça-feira, 26 de julho de 2011

winehouse

amy-a
ou
deixe-a

passarás

a vida vai passando
como o pássaro que não encontra pouso

a vida vai sumindo
como a paisagem que se perde ao longe

quinta-feira, 21 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

cena II

cores, fantasias,
esfuziantes Marias
levam sombrinhas
sob o sol

alegres, saltitantes,
de batons nas bocas
e olhares para o céu

cena I

as ruas cheias
estão carregadas de minúcias.

uma menininha passa e sorri

leva nos braços um ursinho
de pelúcia

terça-feira, 12 de julho de 2011

corte

recebi aviso:
vinte e quatro h
para quitar energia elétrica
a cemat
quer nos matar
ao cortar a luz
fosse eu
van gogh
cortaria a orelha
de quem?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

des(óbvio) 2

o homem só acontece
quando morre
antes disso
está sujeito ao erro

tictactiando

a vida vai parando
como relógio
que não sabe a hora

a vida vai sumindo
quando o coração
já não faz mais ruído

só nos resta então
viver o agora
pedir pra deus
não nos jogar fora

a gente vai sozinho
não se leva nada
quando chega a hora

o que será?

amor
amortecido
a morte
terá sido?

quarta-feira, 29 de junho de 2011

(art)cir)rose

menina, você tá pensando
que a vida é só
risos e rosas?

é cirrose
e artrose
também.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

seco

a caneta escorre
feito cimento
enrijece
rapidamente

interromp

domingo, 26 de junho de 2011

or not to be

lição de ingrês
pra cuiabano
em dia de frio

publicar
or not
to be?

terça-feira, 21 de junho de 2011

arranjo #3 um disparate

a palavra vã
disparada
um tiro
estouro
de boiada
estorvo
na calada
socorro
na encruzilhada
entre a cruz
e a espada
a delícia da
dúvida dada.

disparate arranjo #2

a palavra vã
disparada
um tiro
como
estouro
de boiada
um estorvo
na calada
socorro
na encruzilhada
entre a cruz
e a espada
a delícia da
dúvida dada.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

disparate

a palavra vã
dispara como
um tiro
um estouro
de boiada
um estorvo
na calada
um socorro
na encruzilhada
entre a cruz
e a espada
a delícia da
dúvida dada.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

lição de inglês

a rua, lá fora, rumoreja. noite esfria.
jovens imberbes uivam como lobos excitados com a aventura da vida.
impetuosos.
brindam a felicidade de viver, simplesmente.
aparentemente um mundo inteiro pela frente.
nunca se sabe a medida.
aos pedaços vamos compondo a grande obra.
a plenitude coincide com o ponto da decadência.
it's over baby.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

dia de cão

Foi assim: com as mãos trêmulas percebi a dificuldade que é executar a vida de qualquer ser que pulsa, que clama, seja por um fiapo de vida.

Ela, muito mais decidida a dar o golpe de misericórdia. Suas mãos continuaram firmes até o último instante. Ela, a mão amiga.

Ensacar: morte por asfixia, poucos minutos, embalados por música para abafar os ganidos do pobre bicho: mas também para embalar o gesto com a valsa da morte.

Meus ouvidos nunca mais ouvirão a mesma música. Atravessar o portal e dedilhar a música da morte fez ressoar eternidades em meu cérebro excitado.

A vida é resistente. Reluta diante da possibilidade da morte. o corte fatal, fetal, de eternos reciclares.

Nada é demais quando a sombra delineia os contornos exatos do tempo que nos desloca para qualquer lado dessa infinidade de planos coexistentes. É mera questão de sorte, ou estamos sujeitos a fazer bem feito para conquistar um lugar melhor na sombra?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

pó de cinzas

vida que vai
insistente

queima
feito pau seco

estala
faíscante

reinstala-se
faz-se mineral

estelar
constelaciona-se

coleciona feitos
mural

de indelicadezas
reincidentes

queima teima até
vira fumaça

quarta-feira, 18 de maio de 2011

desóbvio

é manha ou manhã
esse desmaio
em pleno mês de maio?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

poema 4 mãos

EQUAÇÃO

vou ali numa festa, no parque da cidade,
enquanto tenho idade nos ossos.
Isso eu posso:
(festejar)
{(mesmo sem motivo pra gastar!)}

SE HÁ UM PROBLEMA

me disseram que há solução
que igualando a zero você acha

mas dizer que disseram
não confirma nada
os ossos quebrados que o digam

FARELO PURO, DIZ O DOUTOR!

pelo menos não preciso fazer
pneumotórax

que isso é coisa
de poeta do passado

MAS, SEM BANDEIRA
vamos desfraldar o verso

E CAIR NESSA FESTA
que eu também vou!

yonarepontobarros+eduardopontoferreira

(série brilhantes óbvios)

chuva forte cai sobre meus ossos.
absorvo cada gota como se fosse a última.
o tempo é uma grande mentira.
o último a sair, deixe o guarda-chuva no canto da sala.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

vago mundo

o que foi mesmo que pensei de manhã enquanto dirigia meu velho Pálio?
não me lembro.
normal.
pensamentos se desfazem como nós de nuvens
que passam e deixam a porteira aberta
para outros passarem.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

não se apegar a nada.
não deixar a luz se apagar, tampouco.
essa, a aventura da vida
cada dia um parto.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

uma aporrinhação esse negócio de ter que arrumar grana.
às vezes, prefiro morder a grama,
pastar tranquilo
numa tarde de pouco sol
em Cuiabá.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

o vagabundo é que é feliz!
vagamundo e vive
por um triz.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

da série: poemas secos

Sentado aqui sobre a impossível dor

Impassível como pedra ao relento

Eras e ares entrelaçando enigmas

Soturno ser sob estrelas caindo pelas bordas

O universo é tão lindo quando miramos o abismoso céu

Escorpiões escorrem venenosos pela Via Láctea

Tomam um banho de brilho tão intenso que desaparecem

Sob luz intensa não há forma que resista

Desaparecemos após cegarem todos os olhos

Sumimos entre estrelas

Desaparecemos sob o carbono

quarta-feira, 13 de abril de 2011

caximir book


me orgulho muito dessa foto do bando caximir. síntese de uma história longa, intermitente, que envolveu muitos artistas ao longo de 25 anos de estrada e muitas peripécias. foi uma universidade, me sinto phd nessa história que varou muitas ruas desse país brasilis.

resolvi contar essa história. ou, ao menos, iniciá-la. dar o primeiro passo. quem mais quiser se arriscar é só chegar mais.

simples direto, vou tentar ser o mais claro possível, sem literachatices. como um soco no estômago. na crueza brutal das narrativas do eu documental.

sou o único caximir que pode falar de cátedra. nenhum outro dos parceiros de estrada percorreu os 100% desse caminho como eu. isso por si já me agrada. uma afirmativa onde chamo mesmo, historicamente e histrionicamente para o campo da rinha-narrativa, qualquer um, sem medo, sem dó, sem arredar o pé dos fatos vividos, extenuados, paridos mesmo, com o sentido da dor e do prazer que a luz do conhecimento possa proporcionar.

sei lá. vou começar o caximir book aqui.

depois do primeiro morto, antônio sudra, o poeta de la transmutación, a primeira retirada já foi atirada. não cabe mais reter.

Curvas justificadas

A curva da rua Pedro Celestino se alongava sob meus pés que caminhavam cansados do corre corre cuiabano. Ambiente quente e que soa familiar, vou respirando fundo quando passa suavemente uma fragrância com rumor de passado. As narinas inflam e a mente se abre num clarão de memória. O ar com bafios de um passado que nunca me pareceu muito longe. O passado é logo ali. Na esquina.

Olho para o interior do casarão. Paisagens desse passado recente. Colonial. Pense bem, somos pós coloniais, pós modernistas, pós passadistas, com quantos pós retornaremos?

Muito bonita a rua com sua sinuosidade característica dos movimentos humanos que não são retos. São sinuosos. Se insinuam numa manhã qualquer e enchem aquele pedaço de cidade que oscila entre passado, presente e futuro. A Cuiabá cidade proto metropolitana (já escrevi isso em plenos anos 1980, de novo, o passado pós).

O passado não pode virar pó. O que vira pó(s) vem depois da curva do rio.

Digo, da rua.

terça-feira, 12 de abril de 2011

des(fios)

novos caminhos
sob o sol
o fio queima

sábado, 9 de abril de 2011

(des)fios

o fio teima
solto na trama
se esparrama

quarta-feira, 6 de abril de 2011

resenha res publica eu publico eu nóio

resenha res publica eu publico eu nóio

eu? eu nóia
sss acidadez acidez
1
Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ
7/1/2007 · 277 · 35

joyce fajuto. eu nóio tu nóias ele nóia. achei o livro bacana. uma capa preta, parece luto. coisa de quem perdeu parente próximo. coisa de quem tá noiado. luto é coisa de viado, diz o subconsciente crumbiano-chauvinista. macho que é macho não fica de luto, macho que é macho tem que estar na luta. na labuta. work in progress. ordem e progresso é o que vem na cabeça. puta slogan positivista. que ordem e progresso que nada. o negócio é todo em fluxo de consciência.

eu não sou bom com essa porra de fluxo de consciência. fico caprichando demais. pra ser fluxo não pode relar. se relar muito, a coisa mela. e escrever no computador exige um fluxo danado, porque o raciocínio de corte e cola não me deixa sair escrevendo ao deus-dará. corte e cola corta a nossa asa. acho que eu tou inclusive botando ponto demais. o eduardo não põe tanto ponto assim ele sabe escrever em fluxo melhor que eu. e isso não é um pensamento tipicamente competitivo não sou desses é só uma constatação. mas o eduardo também sabe que corte-e-cola fode a nossa mente. ele diz lá no eu nóia que escrever isso aqui é um papel de sísifo. se é trabalho de sísifo, penso eu com meus botões (que porra de fluxo é essa que eu fico teimando em botar discurso direto?), não é fluxo que nada. é tudo palhaçada. tudo nóia da cabeça do cara. ele fica dizendo que é eduardo pra dizer que o personagem é ele. eu não caio nessa. basta ver a mulher do eduardo. a mulher do eduardo não é a rosália, é a dona louca.

será que ele muda de mulher quando escreve? se for assim com ele, quero fazer troca de casais literários. eu escrevo sobre a genoveva imaginária e ele me manda a rosália. porque, afinal de contas, escrita livre é igual fluxo menstrual. se bem que tem menstruação que cai em placas, não é? não sou mulherzinha, mas sei dessas coisas. menstruação deve ser bem parecido com hemorróida, só que sem dor. escrever em fluxo como diz o eduardo deve ser bem parecido com menstruação, só que sem sangue. se bem que às vezes tem sangue sim. e, no meu caso, que sou canhoto, independente de ter sangue ou não, sempre suja a mão. é que a tinta vai borrando do anular até o mindinho conforme a linha vai chegando ao fim. acho que a gente tinha tudo que escrever em hebraico escrever que nem o leonardo da vinci. essa coisa de manchar a mão é uma sacanagem com canhoto. aliás qualquer sala de aula é uma sacanagem com canhoto, eu nunca encontro lugar pra escrever sem ficar torto. deve ser por isso que destro é direito. e é por isso que eu gosto do computador. não preciso ficar caraminholando com medo da tinta no anular. que a tinta não vai anular patavina do que eu tou escrevendo. não borroco porra nenhuma. só tem esse lance do corte-e-cola que estraga meu raciocínio.

quando paro pra escrever à mão, fico procurando a tesourinha pra jogar uma palavra do início pro final do parágrafo. é uma coisa meio minority report que eu guardo comigo. moleskine versus palmtop. eu não bebo cerveja, não fumo maconha, não pico, mas fico na nóia. eu nóia. todo mundo tem direito a uma de vez em quando.

é. eu tava querendo mesmo voltar ao assunto desse meu palavrório. me perco nesse negócio de fluxo. eu sou muito capricórnio pra deixar a coisa fluir, sabe? se flui muito, eu nóio. corto logo o barato. decepo. que nem machado de assis.

pra mim romance tem que ter pé e cabeça. vai ver é complexo de édipo mas não consigo pensar de outro jeito. coisa muito encriptada me dá no nervo. me dá no saco. e qualquer coisa que dá no saco, ou é espermatozóide ou dói pra caramba. essa coisa de escreveu não leu o pau comeu é muito erótica, muita sacanagem. só não é pior do que o que fazem com os canhotos. eu sou canhoto e sou realista. papo de modernista pra mim é papo-cabeça. romance pra mim tem que ter pé e cabeça.

discurso direto
indireto
ironia
sarcasmo
indireta

ficar escrevendo monologando não tem paciência que agüente. porra nenhuma acontece. fica o mundo girando em volta do meu bigo. uma figa. mas, olha, eduardo, isso não é nem crítica. não é destrutiva, nem construtiva, é só o meu jeitão noiado. cada um com o seu cada qual, entende? eduardo? se eu tou aqui esse tempo todo falando sozinho pra fingir o meu fluxo de consciência não era pra ter vocativado o eduardo. ato falho. aliás tudo o que eu falo é ato falho, desde o joyce até o aqui (e de repente pra depois também). difícil demais escrever esse negócio, girando como um pião sem saída.

não ia falar nada. ia ficar calado. mas aí veio a falta do que fazer depois do fim de ano. veio o amigo que levou o suassuna que eu comprei embora enquanto eu estava na metade, veio o final do martin page, e eu falei, se não for agora, não vai ser nunca. o martin page ajudou. peguei o livro do eduardo e comecei a ler sem compromisso. sem compromisso de terminar, de começar, dele saber que eu tou lendo. não quis nem saber. peguei a porra do livro e falei, se não for agora, não vai ser nunca. não vou dizer quando tempo levei porque tenho vergonha. leio lerdo. leio lerdo. fica um eco na minha cabeça me culpando. eu sou igual o menininho do sexto sentido. ouço vozes. leio lerdo. e parece que na cidade grande ninguém respeita o silêncio dos outros. vem o vendedor de bala e diz que o goiabinha da bauducco é um real, vem o maluco surfista e fala pro trocador que pegou a menininha do pedro segundo, vem a mulher gorda do meu lado e se esparrama pra ocupar o banco inteiro. tá, ela não fala nada. mas incomoda como se falasse. e tem o garotinho no colo da mãe no banco detrás mastigando o goiabinha da bauducco. nhec nham nhec nham quando leio alguma coisa no ônibus qualquer onomatopéia me dispersa. senhores passageiros, primeiramente desculpe interromper o silêncio da sua viagem. e o pior é que eu só leio em ônibus. menor paciência para sentar numa poltrona em casa, no meu metro e meio, e danar a ler hora e meia sem parar.

o tempo não pára. chavão cazuza. cazuza morreu cedo demais. e cazuza inevitavelmente me lembra mato grosso. rio à beça quando o eduardo fala dos cuiabanos. a única palavra que começa e termina com sinônimos de bunda. tem que ter culhão pra falar uma coisa dessas. mas macho que é macho tem que ser malzin. 138 páginas de pura malignidade. mas a letra é grande, dá pra ler rápido. leio lerdo. já tá anoitecendo e eu aqui nessa nóia de escrever alguma coisa sobre o eu nóia. já vão quase 24 horas. mais as 48 de edição. 48 de votação. o temor de não ser votado. temo não sair vivo dessa história. mas se não sair, crio asas e saio escrevendo. saio voando que nem ícaro em dia de lua cheia. que nem cobra com asa. azar. a única coisa que não faço nesse meu relato é relar em mais nada. tá tudo em cuspidez. tudo saindo sem dar tempo pra pensar.

tinha uma antiga piada de criança que dizia que deus organizou uma competição entre um brasileiro, um português e um americano pra descobrir qual a coisa mais rápida do mundo. o português nem pestanejou e falou que era a porta: só encostar e ela já fecha. o americano todo tecnológico falava que era a luz, porque ele apertava o interruptor e a luz acendia, num piscar de olho. veio o brasileiro pra ganhar a copa e falou que a coisa mais rápida era a caganeira, porque não dá tempo de fechar a porta nem de acender a luz.

caganeira é como escrever em fluxo de consciência. mas joyce não pariu o finnegans numa diarréia só. fico noiado é com isso. se escrita livre é deixar a coisa se escrever sozinha, onde ponho a minha mão? escrita livre pra mim combina com o overmundo. tem a cara do overmundo. só não digo que tem o cheiro do overmundo porque acabei de comparar a escrita livre com uma caganeira e o overmundo é mais cheirosim. e o que tem de cuiabanos no overmundo não tá no gibi. se é gibi, põe no banco de cultura! eduardo, taca o eu nóia aqui, pô. foi a minha primeira reação. já tá tudo em criei tive como. mas o cara que sabe. foi ele que fabrikou o livro. só tou aqui tentando desenhar uma resenha nessa tarde abafada. a terceira resenha dele aqui nesse cantinho. mas eu não dresisti. é presente de natal. presente que nada. isso aqui não vale a passagem. não vale o sedex. dura lex sed lex. resenha esquisita que só. mas resenha resumidamente eu renego. nunca vi resenha escrita livre. texto de jornalista tem sempre um monte de amarra. por isso não me amarro em ser jornalista. profissãozinha do demo. eu sou mesmo é escritor autônomo. que nem o joyce. que nem o eduardo. mas com menos talento.

vem o cazuza de novo piscando na minha cabeça. já tá tarde. já tá tarde. temo não sair vivo dessa história. 8.482 caracteres até agora.

manhã de sol

o poema é azul
o vôo da abelha é mel
o sol ilumina seu rosto
os olhos da borboleta
são claros como a manhã
o vôo da mariposa
o rabo da raposa
na manhã sorrateira
balança a laranjeira

segunda-feira, 4 de abril de 2011

võo cego

espelho partido.
fotografias rasgadas.
frascos tombados.

esvaziamento.

folhas + folhas
da mais pura
indigestão

desfolhando a tarde chuvosa

[fertiliza
pólen]

domingo, 3 de abril de 2011

dominical

o anjo da morte guarda a noite. faz a ronda, soturno, cabeça erguida em cabelos de fogo. dá um salto brilhante, de repente, sobre abismos que a alma cava.

os objetos repousam quietamente, dentre eles o relógio velho da tia que morreu no século passado. cada perfume no seu canto. os galhos da laranjeira pendem carregados de flores. o cheiro se desprende.

o anjo aspira. doce fragrência. tia Rosaura foi enterrada com flores da laranjeira que ela mesma plantou. seus galhos tentam ocultar uma casquinha de lua que se desprende da laranja que reluz.

quarta-feira, 30 de março de 2011

imagens sem ponta

a dança dos fios
descabelados
trança

segunda-feira, 28 de março de 2011

solto na trama

o fio solto
no emaranhado
dança

sexta-feira, 18 de março de 2011

cava - da(série brilhantes óbvios)

o buraco engoliu-me
engraçado!
(matuteia)
nossos pés
quanto mais fundos
sempre pisam
a superfície

terça-feira, 1 de março de 2011

eu vi!

vi a cara da morte
de sorriso reluzente
sentada sem nenhuma impaciência
elegante
bela e imponente

ela sorriu para mim
não disse nada
com silêncio respondi

quem cala con
sente

que ela nos espera
com plácida calma

e dentadura
sorridente

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

sétimo

Aroe Jari.
Antônio, Ave!
7º dia.

...alguém que está querendo me telefonar...
(a canção soa perfeita)

Salve!

os Bororo vieram acordar-
me.

Preparo meu Cavalo de Tróia
vou te dar
mais um presente de grego.

...mas só me telefona quando ver voar
o pássaro selvagem que saiu do nosso olhar...
(a canção não pára)


preparo meu corpo
velho
guerreiro
para o ritual
sétimo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

academia dos mortais

na lata

agora, vou escrever, o que der na telha.
bosta de urubu.

velozzzzzzz

rápido.
um poema.
luzia.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

aleatório nº 1

raios partam esse silêncio insistente
feito zumbido de môsca
dando voltas em volta
da página branca

Mais uma bostagem (postar + bobagem ou o que vc está pensando)

Coletivo dois

tudo tão insólito
sem solidez, inconsistente,
só in
só li
do
soli
down
brown e sol
bronze
encontro
in sol
solida

sol ida
DA
DA
azar do Tzara.

(Ana Amélia, Eduardo, Sodré, esqueci o nome do músico que tava na mesa e Marta).

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

tontos tons

entre violas e cinzéis
busco o peixe grande
estatuário
a música da boa manhã
a boca amarga de café
o sol na janela
batendo no peito
a saudade me bate
de um jeito
nossas lembranças
perdidas no ar
tons pastéis

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ode ao nada

ela é débil
dúbia
seus olhos
claros
não deixam
mentira
sobre mentira
ela me tira
do meio
dos cacos
afônicos
e lança-me
na tormenta
de um dia
quente
sem eira
nem beira

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

caindo de si

eis a hora
da vertigem

eis o momento
de verter
em queda

cometer o pecado
do excesso

gordo exagero
lubrifica a manhã

o vento empurra
(o sentido)

(o equilíbrio)
se desfolha

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

out sider

um amigo saiu da prisão e enviou uma mensagem agradecendo apoio e desejando que um dia eu consiga atingir os píncaros da glória.
respondi: fico feliz que tenha saído. seja bem vindo ao inferno, do lado de fora.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

mirante

miro sus ojos.
vejo fundo infinito.
la color divina!

mergulho en sus ojos.
percorro infinitos
de divinas cores!

miro infinitos
em sus divinos ojos
mergulhos coloridos!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

improviso s/nº

rua do além. 333. ap 636. um romance coletivo mal acabado. suruba ipsis literis. ipsilone. tal qual baiano gosta. pernas pro ar. abertas para cima. a queda.