sábado, 20 de outubro de 2012

escombros

a noite escorre pelas bordas
transpõe
escorpiões dormem sorrateiros
sob o tijolo oculto no quintal
a derradeira dose letal

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

sobras

sórrestou bem te vi
quando a manhã irrompeu
cheia de manha

pelas bordas

a noite borrada
escorre pelas bordas
fim de rota
a roupa rota esconde
punhado de reais
moeda corrente
elos de malditos
hordas de outsiders
crakeando madrugadas
bêbadas dançando
a esmo

sábado, 6 de outubro de 2012

filosofia pré almoço

sinto um grande vazio
dentro
de mim

quinta-feira, 1 de março de 2012

cidade lúdica

ensimesmado deflagro a canção
sem flores, sem odor algum,
alguém, uma abelha talvez,
pousa sorrateira na boca
da garrafa de cerveja
sorvo
gole a gole
como pólen
para brindar a alegria!

sombrio

num surto
o susto
astuto
sob sombras

maiacovisquiana só pelo tédio

tédio mortífero
matou a formiga
que contemplava
o açúcar
do alto montanha

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

fragmentos

um raio cortou a manhã
um raio de luz cortou a manhã cega
raios que partam tudo que se julga inteiro

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

vercírculos

mergulhar atirado
numa obtusa saudade
profundis abismado

lamentável ausência
de los hermanos
olvidados

ninguém mais parece
ouvir Maria
a das Dores

a caneta sorrateira
dita a duras penas
manhãs que voam
no som do avião invisto
telhado quebrando a barreira
do som
paisagens sonoras se abrem
estilhaços

o silêncio se re-faz nos ecos
pequenos círculos que se esvaem
como fumaça para os ouvidos

não há platéia nesse momento
silêncio
estupor
sons
bicos de pássaros
nas paralelas
correm com a bica que corre
no não-tempo
memorial

a janela imaginada
descasca em lodo
comunhão
com todas as passagens

letras difusas
palavras confusas
sentimentos em desvario

você me deixa aerado
tonto
quanto
nauseado

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

mundico dinada

mundão sem porteira. mundão sem demarcatórias. mundão sem lei. mundão sem eira nem beira. mundão besta de meu deus. mundão sem rédea. mundão sem régua. mundão sem trançado. mundão sem traçado. mundão livre de rumar e rumorejos. mundão sem pai nem mãe nem documento. mundão sem apelação. mundão sem jeito. mundão dos trejeitos. mundão dos rejeitos. mundão sem trégua.

putaquepariu. haja mundo
para tanto palavrão.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

daniel pizza aos 45 do segundo tempo

Golaço, de cabeça, desculpe a sacanagem, AVC e tals, mas é que hoje estou pra lá de incorreto, politicamente é claro, quero sacanear preto, veado, puta, juiz de futebol, o padre, a Igreja, o papagaio, quero falar de tudo que não falei mais, mas quero dizer também que a piada pode ser de mal gosto, por que não? Piada politicamente correta é tão sem graça quanto o Alckimin, ou o famoso picolé de xuxu. Caraca, a América exportou essa visão mediana e medrosa, mas exportou também o Sangue Frio de centenas de matadores casuais, um jogo de vida e morte, mas pode ser teatro grego? Quero sacanear sim, sacanear político, filho da puta, a santinha carpideira, quero sacanear o morto, o defunto, o velório, o coveiro, ETA mundo besta, meu Deus! Fala velho bardo Drumond, do alto de suas estátuas, espalhado em versos pelos campos dos brasis. Quero sacanear, arre! Estou ávido. Duvido que Fernando fosse outra pessoa que não carreando versos pela eternidade das línguas que récitas orai por nós, cadê o latinorium Cadê o nosso Avoante do Cariri? Padre Pimenta, ops, desculpe, Pimentel. Só muda a rima, padre era ardido como Pimentel. Hsuahsuahsuahsuahsua.