quarta-feira, 18 de março de 2015

decomposição orgânica

fiapo nos dentes
assim vamos
uns
comendo a carne
de outros

artigo Kynema - Diário de Cuiabá

KYNEMAs NA FLORESTA

Um texto quase em tom de desabafo que colabora com este caderno mostrando uma visão única de grande acontecimento cinematográfico no coração da Amazônia deste Mato Grosso

Eduardo Ferreira
Especial para o Diário de Cuiabá

Isso não é uma mera provocação. É provocação mesmo. Meramente disfarçada. Kynema é matéria de filho do Pai das Rochas. Pedra duas vezes a vinda do Pedra Rocha, ops, Pedro, foi uma forma de mostrar o filho mais marginal e artista dos Glaubers. Conectando Pai e Filho chegamos ao Espírito Santo da trindade artística Tradição Contemporaneidade Atemporalidade. Sob os auspícios de todos os Santos brasileiros e Orixás e Oxossis filhos do Camdomblé cibernético que se instala na novíssima geração de artistas pensadores de um Brasil que sorve da fonte Brasílis, di Oswald Antropófogo a Ricardo Guilherme Dicke e GlauberRocha, heróis míticos malditos da nossa cultura onde absorvo tudo do outro vorazmente na velocidade da antimatéria. É preciso morrer para nascer de novo. Fertilizar a vida promover a vida para além da morte. Glauber celebrou a vida e disse em alto e bom tom: Di sorriu para mim, ele está vivo! Leve suas células para o terreiro que ele vai ressuscitar. Metáfora da vida sobrepondo a morte, a morte é só um riso escancarado. Repare, o morto parece sempre sorrir. Deve ser da nossa cara de continuar queimando aqui nesse inferno tropical sob visionários olhares de antropófogo apocalíptico.



Estou falando do cinema na floresta, 4° ano seguido do festival de cinema de alta floresta. Lembro de Antonio Sodré lembro que nenhuma flor resta na floresta. Festival dos encontros sob os auspícios da lua cheia de olhos vermelhos aos sons da viola caipira gravadas eletronificadas digitalizadas beat beat na batida do chão áspero da floresta seca. Cadê minha aroeira? Cadê meu pé de ipê? Cadê meu mato grosso?



O Festival foi brilhante. Diamante. Ouro em chamas. Mítico sob encontros de Mallu Moraes divina mulher brasileira di Bruno di Simone di Pedro Rocha di Agostinho Bizinoto de Elisa de Elenor Robson tantos nomes grafando signos na floresta quase extinta. Só nos restam ilhas de cristalinos. Signos da resistência capitalista. Tudo é economia, até seus rastros. Imaginei o bicho arbusto que anda e apaga seus próprios rastros. Invisibilidade. O cinema pode contribuir muito para resistir para avançar na formação humana humana, ouviram bem? HUMANA! PRECISAMOS DE HUMANIDADE GENEROSIDADE AMOR ENTRE PESSOAS E PESSOAS E COISAS E MEIOS E VIVOS E MORTOS.



Deus e o diabo na terra do sol. Plantado no centro cultural de alta floresta Glauber ria ria e você ri ri até morrer. O poeta Merije rebateu é melhor viver de rir. Eu disse que não, que preferia viver e rir até morrer. Nada deve ser melhor que morrer rindo, pensei.



Kynema de Alta conexão de múltiplas possibilidades. Cinema & Política & apocalipse now & cinema sem marlons brandos & sem perder a ternura jamais, mas é preciso uma boa dose de (im)paciência pela urgência das coisas. Caminhões em toras & toras de madeira cortavam o coração da noite em transportes ilegais ilícitos imorais. Enquanto isso, assistíamos a uma sessão apoteótica de cinema na área rural de Alta Floresta com mais de 400 pessoas da comunidade que só tem acesso a bens culturais ofertados pela rede pública de ação política cultural, todos muito bem acomodadas ao ar livre. Estrutura de primeira do movimento público cineclubista, salve salve Pimentel. Evento de primeira. Com direito a pipoca, muita (trans)informação, formação, reflexões conectivas criativas a erigir novos desejos na política. E na arte como forma de transgressão inclusiva



Kynema é parte do cinema fragmentado de Pedro Rocha (http://vimeo.com/3178300). Transcinema. Transgredindo transversalizando. Transformando. Pedro é de boa cepa. Filho de deus e do diabo em terras da floresta. Glauber reconectado. Fechando as apresentações no 4º Festival Cinema na Floresta. Pure art. KiDeus nos acuda. Que a cultura popular de vanguarda seja capaz de, como Antonio das Mortes, um autêntico herói do farnordeste, salvaguardar a nova (des)ordem. Tenho (mal)dito. Que venha o quinto.



*Eduardo Ferreira é ativista cultural com experiência em várias artes e colabora com o DC Ilustrado 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

blues encardido

pensamentos vêm
e maculam
a manhã colorida
de azul
     azul do isqueiro
     azul do céu
     azul da camisa
     blues encardida

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

luminosas

as cores dançam
harmoniosas. dançam
arrancando um pouco os
meus olhos.
a chave que levo não abre
porta nenhuma.
a filosofia é tão inútil
quanto a arte.
é como atirar facas cegas
no breu da noite infinita.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

visage

tomo um
ca
fé e rezo
a reza da morte
vejo-a com uma grande bola na mão direita
sorriso escancarado na boca

pés de mesa
quatro pés
cheios de folhas

bizarra sua pose

mas não venha com essa
sei que no fundo no fundo
vejo
-a sombra
com a morte sorrateira

escondida

por trás 
de seus 
ombros

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ab 6

Bêbadas incongruências. Babas de moças. Moscas ao léu.

Não há histórias nessa escrita de merda. Heróis solitários e imaginados surgem como lampejos e desaparecem no nada. 

Abissssssssais 5

Coisas fora do lugar deixaram a mesa com um aspecto grotesco. A cerveja está acabando. O telefone toca. Nem me dou ao trabalho de olhar. As luzes faíscam como faróis de automóveis fantasmas que nos levam pra lugar nenhum.