segunda-feira, 6 de junho de 2011

dia de cão

Foi assim: com as mãos trêmulas percebi a dificuldade que é executar a vida de qualquer ser que pulsa, que clama, seja por um fiapo de vida.

Ela, muito mais decidida a dar o golpe de misericórdia. Suas mãos continuaram firmes até o último instante. Ela, a mão amiga.

Ensacar: morte por asfixia, poucos minutos, embalados por música para abafar os ganidos do pobre bicho: mas também para embalar o gesto com a valsa da morte.

Meus ouvidos nunca mais ouvirão a mesma música. Atravessar o portal e dedilhar a música da morte fez ressoar eternidades em meu cérebro excitado.

A vida é resistente. Reluta diante da possibilidade da morte. o corte fatal, fetal, de eternos reciclares.

Nada é demais quando a sombra delineia os contornos exatos do tempo que nos desloca para qualquer lado dessa infinidade de planos coexistentes. É mera questão de sorte, ou estamos sujeitos a fazer bem feito para conquistar um lugar melhor na sombra?

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