a noite galopa sobre meus ombros. atravesso velhos jardins sob galhos esqueléticos. eles rasgam minha pele alva. a noite é áspera e brutal.
sou sombra, vulto fantasmagórico além alegoria. pressinto a morte que ronda as casas com seus véus soturnos. encobre consciências, isola-as, afasta de vez o meu canto do seu canto. nossas vozes silenciam.
nossos amigos estão morrendo e as esquinas da cidade estão ficando cada vez mais vazias. o cheiro de álcool exala da sua carne, você me abraça com seus olhos de vampiro. seus dentes mordem minha carne com volúpia. a lua sorri matreira. se esconde nos umbrais de um prédio velho e esquecido. você me arrasta como se levasse um cadáver ainda quente. sinto a trituração sob suas garras de aço. quem é você?
a voz não sai mais. deixo-me levar.
a noite é longa e meus olhos se fecham nesse momento para mais um breve pesadelo.
Cuiabá (MT) · 29/7/2006 11:48
domingo, 29 de junho de 2008
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