domingo, 29 de junho de 2008

Xeque-mate: MT Salão

Cuiabá, 17 de maio de 2006, Pantanal Shopping (sic! cadê os museus dessa cidade?), avenida do CPA, nove e cinquenta da madrugada (sic! de novo), secretário de Estado, secretário adjunto, conselheiros de cultura, assessores, um monte de artistas que ganhou prêmio, jornalistas, donos de galerias e moldurarias, ?gente normal? (?) não vi, enfim, nosso 23° Salão Jovem Arte Matogrossense acontece, abre as portas, dos fundos, reviravolta nos confins do Brasil: tiram o primeiro prêmio de Paulo Pires. Alerta: bastidores da indústria cultural, aconselha-se, em caso de estômagos fracos, parar de ler por aqui, algo muito estranho no ar, como sempre. Vamos aos fatos: Paulo Pires, desavisadamente(artista lê regulamento?) coloca uma obra, entre as demais, que já fora premiada num Salão anterior, ponto, toda curadoria do Salão passa ?batido?, ninguém percebe que a tal obra já fora premiada, os jurados, que são: sr Humberto Espíndola, sra Lisbeth Rebollo Gonçalves, sr Chico Cunha, dizem-se soberanos, julgam as obras dos escolhidos pela curadoria do salão, que são: sr Gervane de Paula, sr Serafim Bertolotto, sra Aline Figueiredo, a decisão é unânime : o conjunto da obra do escultor Paulo Pires é o melhor conjunto e vence o Salão, vence mas não leva. A curadoria descobre o próprio erro, sim, pois as obras de vários artistas foram ?aconselhadas? pela mesma curadoria que andou por todo MT oferecendo seus ?conselhos? aos artistas, pois o que interessa ao júri do Salão é o conjunto da obra e não uma obra em si, premia-se uma para ir pro acervo do Salão, mas, é o conjunto que prevalece, então numa reviravolta estonteante recuam Paulo Pires para quarto lugar (sic!) e vão, o segundo para primeiro, o terceiro para segundo, o quarto para terceiro (ufa!), e o primeiro colocado para quarto, entendeu aí galera? Se tava fora das ?normas? por que premiaram Paulo Pires? se permitiram que ele retirasse a obra ?desavisada? porque então não deixaram as coisas como estavam? Se dão o quarto prêmio a Paulo Pires, que é o melhor conjunto, não assumem o erro? Quem errou? Devemos entender, devemos questionar, devemos debater essas questões, devemos abrir as portas das casas públicas e entender os processos de tomadas de decisões que nos envolvem a todos que trabalhamos com arte. Maquinações políticas? Grupos se enfrentando? Casas caindo? Explosão de arbitrariedades? Mexem-se os pauzinhos, reuniões, gritos, urros, o lamento dos tempos imemoriais. Resumo da ópera bufa: o brilho das obras ofuscado por uma péssima iluminação (o shoping Pantanal não tem, ainda, condição nenhuma de comportar uma exposição de artes plásticas) e o poder nefasto, cada vez mais claro, de barganha dos envolvidos na (des)animação cultural de Mato Grosso. Conversei com algumas pessoas envolvidas no ?processo?e ninguém me indicou um caminho seguro, corda bamba, disseram que para não penalizar o vencedor decidiram ?dar? o quarto prêmio a ele, Paulo Pires, que de fato, ganhou o nosso Salão com o melhor conjunto de obras. Os artistas envolvidos? Incrível como ninguém se posiciona. Cala-se, aceita-se, entra-se no jogo do poder e todos com seus tapinhas nas costas vão para casa se deliciar com os caraminguás ?dados? pelo combalido Salão Jovem Arte Matogrossense. Termino citando de novo o grande poeta Antônio Carlos Lima: ?Já é tarde, já até arde em nós a esperança de que dias melhores virão?.

(André Balbino, artista plástico, músico, cidadão indignado.)

Cuiabá (MT) · 18/5/2006 16:21

Nenhum comentário: