terça-feira, 1 de julho de 2008

fechado para almoço

domingo insosso. gosto de nada na boca.
nem banana adoça.
ou maçã.
manhã massante.
amassa-me, ou devoro-te. sou devoto de nada.
nadando em indiferenças.
que diferença faz?
faça-me o favor: a guerra não pára. o filho-da-mãe do faustão azucrinando a porra da minha cabeça. fecho os olhos e sua voz gruda sobre os silêncios da tarde (já é de tarde). zapeio canais tentando fugir do massacre.
dirás: não amarás rimbaud: não matarás kafka: não trairás drumond, nem se chamará raimundo.
gosto de nada na boca sem saliva impregnada de não-quereres.
bem-me-quer-mal-me-quer-bem-me-quer-mal-me-quer-bem ou mal
qualquer coisa para engrandecer esse domingo sem futebol sem carnaval sem ressaca sem a marca do pênalti sem bola nem saco pra chutar.
um brinde aos medíocres.
a vala dos comuns.
fecho a tumba.
o cemitério está fechado.
os mortos ao almoço.

Cuiabá (MT) · 4/3/2007 14:07

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