terça-feira, 1 de julho de 2008

mutanteinstanteinsistente

tenho menos de quinze minutos para te dizer adeus.
você percebe a urgência?
perdi as contas das vezes em que tento me convencer de que as palavras são como flechas noturnas às cegas atiradas no negror estupendo de uma qualquer madrugada bêbada e lasciva flecha incandescente buscando as entranhas da soturna noite seus cabelos de pura seda brilhantes pérolas negras escorrendo pelo ralo fétido sua bocarra insana apavorando todos os transeuntes que arriscam passar por ali diante da boca do lobo voraz boca que se arreganha com suas presas finas como lâminas de aço laminando o tempo o tic tac incontáveis vezes marcando no marcador pontiagudo lanças de cronos borrando tudo nesse banheiro de rodoviária môscas mosqueando passando rente aos ouvidos moucos do bêbado que dormita com as calças arriadas até os joelhos seus olhos piscando sonolentos arrastados bêbados sentado no trono dos reinos dos notívagos nas borras da madrugada insensato sentado caído de pálpebras pesadas a diarréia espalhando sujeira pela superfície branca e manchada do vaso sanitário os ônibus partindo sob roncos graves de motores que partem para lugares distantes o bêbado ronca com seus motores (des)ligados levando-o para longe para nunca se sabe onde? onde o mundo dos sonhos? onde pesadelos? palavras vâs e trôpegas flechas soníferas sentidos sem alvos não há alvos nem flecha palavras apenas que a duras penas imitam flechas de fogo que buscam incendiar o tempo pausando tudo como esses minutos suspensos entre eu e você.

Cuiabá (MT) · 30/4/2007 13:13

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