terça-feira, 1 de julho de 2008

mortifício

mudo como pedra. não quero falar nada agora. só quero o repouso do silêncio. nem assim consigo a paz que meu espírito tanto clama. infindável batalha entre nascer e morrer. mas se é infindável como pode acabar? sei lá. parece que não tem fim essa tarefa de sísifo. já disse uma vez: sísifo aqui sifú! morrer agora não me apetece. não acho a morte convidativa. ao menos agora. claro que em algum momento ela me pareceu extremamente apetitosa. magra porém apetitosa. magra model. a morte e suas curvas ósseas. modelo desfilando pelas passarelas da vida vendendo desilusões socorrendo desesperados acenando para endividados maridos traídos mulheres abandonadas crianças sem pai nem mãe atormentando a paz dos burgueses prometendo a leveza suprema corroendo nossa pele ressecando nossos olhos que já não querem mais chorar enfraquecendo os ossos provocando outonos fora de época folhas secas pedras que viram pó. tudo no mais profundo silêncio ante os gritos desesperados dos que ficam. mudo de lado agora. vou para o lado B dessa história. vire a página. é só mais uma tormenta que passa. como tudo na vida a morte também é passageira desse trem.

Cuiabá (MT) · 16/5/2007 18:09

Nenhum comentário: