terça-feira, 1 de julho de 2008

poema absurdo de um dia que dia

dias que sucumbem. como cartas de um baralho viciado.
dias que ruem. como dentes de ratos que roem.
dias que absurdo. como gente sem dente.
dizia que ria. como a boca do lobo diante da hiena.

darias tudo para isso. flores bombons poemas.

Cuiabá (MT) · 24/7/2007 10:32


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Destroços

os destroços da noite são evidentes na sala semi-escura. almofadas molhadas com o suor dos nossos corpos estão espalhadas sobre o piso de madeira.
os últimos motores da noite silenciam-se. vultos, os últimos, se recolhem para suas alcovas.
meus olhos piscam alucinadamente, parecem querer saltar para fora. olhos desordenados. desorbitais.

penso na eletricidade que vai se apagando, restos de faíscas.
penso na guerra, na estupidez humana e nada me consola. meu coração está raivoso.

as luzes se apagam, é o fim do maldito espetáculo, o apogeu da queda, a falência múltipla dos órgãos de um sistema que rui.
rói com dentes de ratos restos da paciência que ainda carrego.

meu saco está no limite.
sob pressão esmagadora. mãos gigantescas parecem amassar minhas bolas.
é o fim, penso comigo, sob dor aguda e lancinante. sob o foco do último farol de carro que ainda consigo ver. a luz projetada na parede.
foi o último que vi.

Cuiabá (MT) · 22/6/2007 20:45

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